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...E assim a pequena brasa que queima o chão de minhas palavras, revela tudo que não sou, e conseqüentemente tudo o que sou!

Suspiros

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quarta-feira, agosto 10

Doce Miragem

A flores pendiam do teto com fios coloridos até chegar a mais ou menos um metro acima de sua cama, ela viajava em seus contos e história medíocres... como uma personagem a procura do corpo de um bom ator pra se sentir intimamente compreendido. 
Ela fecha os olhos e sente aquele frio nauseante na barriga, o arrepio que percorre a espinha sem permissão ou demasiado controle, simples deixa-se tremer e observa com olhos marejados e vermelhos as flores soltas girarem pelo quarto. Sentia o vento frio entrar por frestas o mesmo que jogava seu cabelo comprido e ruivo de um lado pro outro. 
Aquela blusa gigante de lã que se passava por pijama era tão quentinha e confortável que a fazia ficar mais tranquila. Era uma criança tão meiga, por assim dizer e, com suas mãozinhas ela agarrava o cobertor felpudo e bem desenhado como se fosse o único ser com sentimentos no mundo.
...Era apenas um cobertor...
Entre olhares e olhares exteriores a tudo isso que são moldadas opiniões falhas e o caráter de muita gente, visões distorcidas e completas ignorâncias. 
Durante horas e horas ela se deixa esvair de seu corpo e passear por lugares nunca desvendados, nunca alcançados pelo fio da lógica e muito menos pelas dores emocionais. Enfim ela vê a outra menina, cabelos meio enrolados e presos de mau jeito e tão bem delineada entre o sofá que estava a milhares de quilômetros... distante de seu corpo. 
Ela tenta tocar e pestanejar, mas desiste por não fazer sentido. Se senta frente a outra e observa como nada havia mudado, nem os cabelos pintados e nem o quarto que tão bem conhecia, se sente tão próxima que tenta fazer algo parecido com um beijo, tão delicado e doce. Lábios distantes e quentes se tocando, provando e provocando os mais diversos sentimentos.
...ajoelha na frente da ''miragem real'', era irônico...
E tem a certeza de que as melhores palavras que ela poderia dizer seriam entendidas em ambos corações..
''Mas sem nunca nos tocarmos outra vez um abraço permanece no existir, o toque é indolor a sua presença.''
Sem mais, ela renasce de sua imaginação ou sei lá o que foi aquilo, pega o telefone e liga.. não mais do que uma chamada a menina dos cabelos enrolados se levanta do sofá e atende..
Nada a mais além de o início de um sussurro, apenas choram...
e sentem a única coisa que poderiam sentir...
Saudades...  


sexta-feira, agosto 5

Se faça valer a pena

Foi algo que ao longo do tempo me tocou tão profundamente que esqueci do meu ser, só queria sentir o doce som da sua voz e sentir seu cheiro mais uma vez. E as únicas que me escutavam sufocar e estar perdidamente feliz eram as palavras, soltas por si só. E no fim me surpreendo com minhas novas atitudes e posições, já que sempre fui tão melodramática e dessa vez que, foi a mais dolorida
... simplesmente aceitei....
Talvez não seja o momento...

Lembro-me dos risos, dos cabelos e do toque.. se fechar os olhos até do cheiro...não adiantaria fugir nem se quisesse. E seria ruim se não lembrasse. 
Guardei o melhor... 
As gargalhadas por coisas absurdas e extremamente ridículas, as lágrimas pela distância, o beijo final ... e o primeiro. Guardo principalmente a ti pois memórias podem ser distorcidas e você permanece ...
mesmo longe!  


E justo essa situação que deveria deixar tantos rastros, se tornou des-complexa. Talvez eu tenha conseguido fazer do coração uma ponte FORTE, e não fraquezas. E talvez só sobrem os que me deixam realmente segura de mim, que não me deixam cair depois de tão árdua batalha, aqueles que não anestesiam as dores, mas as curam. Cheios de amores e carinhos, amizades, aqueles que sempre estarão presentes mesmo que não possam, os que me reprimem indiferente aos sentimentos porque sabem que fiz mal, os que NÃO precisam de motivos pra me abraçar, simplesmente o fazem. 
Aqueles que realmente valem a pena!

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quinta-feira, agosto 4

Entorpecer

E a única coisa que ela conseguia se lembrar é que o chão fugia dos seus pés... o mundo desabava ou qualquer outra metáfora idiota que fizesse aquilo ter sentido. Que expressasse o que ela sentia.
O ar fresco e frio emanava por de baixo dos cabelos, e o mocassim pisava sobre a grama verde, era fácil pular a cerquinha que conhecia bem e entrar no único lugar, que durante anos, trazia alguma inspiração. Estava tudo exatamente igual a última vez, a clareira se estendia cheia de flores e galhos secos pelo caminho e depois havia um riacho que fazia a roda d'água enferrujada tilintar.... e a água ia serpenteando até o pequeno lago que era coberto de flores e pedras... aquela ponte que era sustentada por galhos velhos e coberta de terra era um refúgio... o meu refúgio.. e as árvores médias de onde entravam raios de sol pelas pequenas frestas entre as folhas.. e era tudo tao harmonioso. Eram formadas enormes copas que levavam seus galhos maiores até o chão. Era tão lindo e aconchegante. 
As manhas de primavera são tão convidativas, pena que hoje nada era convidativo o suficiente...
Abri a bolsa e esparramei em cima de um tronco cortado, o único que havia ali, alguns livros, uma lanterna, uma garrafa térmica de chocolate quente, um ipod e meu caderno de anotações... as raízes das árvores junto com a grama formavam o lugar mais confortável que eu já tinha visto.. e eram tão proporcionais a meu corpo que até poderia me assustar. Joguei um cobertor fofinho e deixei meus pensamentos fluírem... 
Ali sozinha no meio do nada as lágrimas escorriam de tal forma que eu sentiria vergonha se estivesse mais alguém lá, entre soluços e até mesmo gritos sufocados pelo cobertor .. eu não conseguia escrever, fazer ou mesmo pensar em nada além daquela dor  ... longe das pessoas absortas em suas cabeças ocupadas e extremamente maliciosas. 
Aqui eu posso extravasar... e sentir o cheiro doce entrar em mim como se me renovasse a cada ferida aberta... Mais um dia de fossa, me lembra o que passei ... sei lá tudo tão confuso, tão escuro. É difícil entorpecer sem algumas bebidas e cigarros. 
É só adormecer....
Eram quase meia noite quando, enfim, ela consegue sair de lá, não com menos dor ou com menos pensamentos, mas estava anestesiada. 

O tempo cuidaria do resto!


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