E a única coisa que ela conseguia se lembrar é que o chão fugia dos seus pés... o mundo desabava ou qualquer outra metáfora idiota que fizesse aquilo ter sentido. Que expressasse o que ela sentia.
O ar fresco e frio emanava por de baixo dos cabelos, e o mocassim pisava sobre a grama verde, era fácil pular a cerquinha que conhecia bem e entrar no único lugar, que durante anos, trazia alguma inspiração. Estava tudo exatamente igual a última vez, a clareira se estendia cheia de flores e galhos secos pelo caminho e depois havia um riacho que fazia a roda d'água enferrujada tilintar.... e a água ia serpenteando até o pequeno lago que era coberto de flores e pedras... aquela ponte que era sustentada por galhos velhos e coberta de terra era um refúgio... o meu refúgio.. e as árvores médias de onde entravam raios de sol pelas pequenas frestas entre as folhas.. e era tudo tao harmonioso. Eram formadas enormes copas que levavam seus galhos maiores até o chão. Era tão lindo e aconchegante.
As manhas de primavera são tão convidativas, pena que hoje nada era convidativo o suficiente...
Abri a bolsa e esparramei em cima de um tronco cortado, o único que havia ali, alguns livros, uma lanterna, uma garrafa térmica de chocolate quente, um ipod e meu caderno de anotações... as raízes das árvores junto com a grama formavam o lugar mais confortável que eu já tinha visto.. e eram tão proporcionais a meu corpo que até poderia me assustar. Joguei um cobertor fofinho e deixei meus pensamentos fluírem...
Ali sozinha no meio do nada as lágrimas escorriam de tal forma que eu sentiria vergonha se estivesse mais alguém lá, entre soluços e até mesmo gritos sufocados pelo cobertor .. eu não conseguia escrever, fazer ou mesmo pensar em nada além daquela dor ... longe das pessoas absortas em suas cabeças ocupadas e extremamente maliciosas.
Aqui eu posso extravasar... e sentir o cheiro doce entrar em mim como se me renovasse a cada ferida aberta... Mais um dia de fossa, me lembra o que passei ... sei lá tudo tão confuso, tão escuro. É difícil entorpecer sem algumas bebidas e cigarros.
É só adormecer....
Eram quase meia noite quando, enfim, ela consegue sair de lá, não com menos dor ou com menos pensamentos, mas estava anestesiada.
O tempo cuidaria do resto!
FANTÁSTICO!!! agora é hora de procurar a felicidade novamente. o que acha?
ResponderExcluir...E a cada leitura que faço em seu blog, sinto-me entorpecido, com tantas boas histórias envolventes que me sinto como se estivesse em um sarau virtual, onde eu posso apreciar uma leitura rica, dinâmica e principalmente, apaixonante. <3
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